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Geração do repeteco: estamos matando a criatividade dos alunos?

Atualizado: 9 de set. de 2019




Em uma das TED Talks mais assistidas de todos os tempos, o escritor e palestrante em educação inglês Sir Ken Robinson argumenta que as escolas matam a criatividade dos alunos (https://www.ted.com/talks/ken_robinson_says_schools_kill_creativity), e que precisamos urgentemente mudar este cenário e dar o mesmo grau de importância ao desenvolvimento da criatividade que damos ao ensino da matemática, por exemplo.


Vivemos um momento de acelerada espiral de inovação, nos mais diferentes setores da indústria e da sociedade, e espera-se que, nos próximos anos, esta tendência somente se intensifique. Se a inovação se fará cada vez mais presente em nossas vidas, então precisamos nos perguntar: a criatividade pode ser ensinada?


Ensinando criatividade


A verdade é que não existe uma resposta unânime para esta pergunta. O casal de professores de psicologia da Universidade de Michigan Robert e Michele Root-Bernstein, especialistas em criatividade, acreditam que a criatividade não pode ser ensinada - ao menos não diretamente. Segundo eles, o que pode sim ser exercitado são ferramentas que auxiliam o pensamento e o processo criativo. Mas não adianta achar que somente este exercício fará de nossos alunos indivíduos mais criativos.


Junto a estas ferramentas, não se pode deixar de lado o ensino dos fundamentos conceituais os mais diversificados possíveis. Isto porque a criatividade e a inovação tipicamente nascem do entendimento profundo dos funcionamentos padrões, suas aplicações, fortalezas e fraquezas. É este entendimento, que, aliado à aplicação das estratégias e processos criativos, podem nos levar a produzir resultados criativos.


Todo mundo tem que ser criativo?


Embora a necessidade de gerar um ambiente escolar mais propício ao desenvolvimento criativo seja latente, não podemos acreditar que a escola ideal é aquela em que todo aluno é preparado somente para ser uma mente criativa. A professora de psicologia da Universidade de British Columbia Liane Gabora faz uma analogia interessante entre a criatividade e a teoria da evolução. No processo evolutivo biológico, a novidade aparece por meio das mutações e recombinações. Elas norteiam a evolução das espécies. Mas é importante notar que, enquanto a menor parte dos genes sofre estes processos, a maior parte deles persiste. E é justamente este equilíbrio que possibilita a evolução.


Se entendermos, a grosso modo, a criatividade como uma geração de novidade dentro de um processo de evolução social, logo notamos que também na sociedade, a nossa evolução depende de um balanço entre a produção criativa e a manutenção dos processos e costumes existentes.


Então não deveríamos estimular a criatividade no ambiente escolar? Pelo contrário! Nosso atual cenário está certamente desequilibrado, e os nossos alunos estão sim desacostumados aos ambientes, estratégias e processos criativos. E se a velocidade da produção de inovações no mundo só vai crescer, precisamos sim gerar um ambiente propício para encontrarmos os indivíduos que irão liderar este processo!


Como fomentar a criatividade no ambiente escolar?


Após um extenso estudo sobre o tema, Gabora acredita que existem três grandes mudanças que devemos fomentar dentro da escola para cultivar a criatividade dentro da sala de aula. São estas:


1. Reduzir o tempo de reprodução de informações e aumentar o tempo de pensamento crítico e resolução de problemas;


2. Aumentar o número de atividades interdisciplinares, pois isto ajuda o aluno a não enxergar o mundo em “caixinhas”, e pensar nas complexidades do mundo real;


3. Criar momentos e oportunidades de reflexão e questionamento individual.


A sala de aula é o centro da jornada de aprendizado de cada aluno. Garantir que está repleto de criatividade - tanto fisicamente quanto através das atividades ensinadas  - é um dos muitos privilégios de ser professor.

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